Contudo, existe outra lenda sobre a origem do símbolo de farmácia e da medicina, que está relacionada à morte de Esculápio (deus da saúde na mitologia greco-romana, também denominado como Asclépio) que fora fulminado por um raio lançado por Zeus como punição por ressuscitar mortos pelo poder das suas ervas (conhecimentos adquiridos com o centauro Quiron). Com a morte de Esculápio, a cobra enrolada em seu cajado, símbolo de seu poder sobre as doenças, foi adotada por sua filha Hígia, que passou a ser considerada a deusa responsável pela manutenção da saúde dos homens (continuidade das ações de seu pai ), e tendo o cálice com a cobra enrolada como símbolo de seu poder sobre as doenças.
O Olho de Hórus e a Farmácia
O Olho de Hórus foi um dos amuletos mais comuns do antigo Egito. Assemelha-se a uma cabeça de falcão estilizada com seu olho. O Deus Hórus é o Deus do sol e do céu, estando associado com a regeneração, saúde e prosperidade. Também foi associado ao ocultismo e exoterismo. Este olho também recebe o nome de “udjat” ou “utchat, o que significa “olho sonoro”.
Segundo a mitologia, Hórus era filho de Osíris e Isis, também era chamado de “Hórus, que legisla com os dois olhos”. Seu olho direito representava o sol e o olho esquerdo representava a lua. De acordo com a lenda, Hórus perdeu seu olho esquerdo durante um combate com seu tio malévolo, Seth, enquanto vingava a morte de seu pai. Seth arrancou o olho de Hórus, mas perdeu o combate porque o conselho dos deuses considerou Hórus vitorioso. O olho foi recolocado pelos poderes mágicos do deus Thoth. Hórus então ofereceu o olho a Osíris, que o fez renascer. Como amuleto, o Olho de Hórus pode ser encontrado em três diferentes variedades: só o olho esquerdo, só o olho direito ou ambos. O olho é construído em frações múltiplas de 1/64 avos, que fazia parte da mágica de Thoth. O Olho de Hórus é representado como um olho humano, caracterizado pelo estilo egípcio típico, que lembra a cabeça de um falcão.
O atual símbolo das farmácias e das prescrições, Rx, é derivado das três partes que compõem Olho de Hórus.
No antigo Egito, o olho era usado durante os funerais, como um amuleto de proteção contra o mal e para garantir o renascimento na nova vida, decorando múmias, sarcófagos e tumbas. O Livro da Morte instrui que os olhos utilizados em amuletos devem ser feitos de uma pedra denominada “Lapis Lazuli” ou uma pedra denominada mak, incrustadas em ouro. Como adorno, pode ser feito de ouro, prata, lápis, madeira, porcelana ou coralina. Neste caso, o olho serve para garantir segurança, proteção saúde e dar a quem utiliza sabedoria e prosperidade. Também é denominado “o olho que tudo vê”.
Contudo, o Olho de Hórus está associado ao símbolo Rx, que representa a farmácia moderna. A figura ao lado compara os dois símbolos, e como se vê, são muito parecidos, mas, é também uma espécie de régua, um instrumento de medida onde os antigos egípcios usavam em um sistema de frações baseado em caracteres distintos, por exemplo, 1/2 era um símbolo, 3/4 era outro, etc, mas tinham uma regra geral.
Em particular, as frações do tipo 1/2^n (que seriam tipo 1/2, 1/4, 1/8, 1/16, 1/32…) tinham símbolos especiais, e associação desses símbolos, do 1/2 até o 1/64 é o olho de Hórus. Teoricamente existe um conceito matemático denominado série infinita, que basicamente é:
1/2 + 1/4 + 1/8 + 1/16 + 1/32 … = 1
Não se sabe se os egípcios acreditavam que a série terminava no 1/64 (talvez não conseguissem diferenciar frações menores que essa, mas a ideia seria que todos juntos formariam a unidade.
É interessante também que cada fração representaria um sentido, ou seja, a visão, o olfato, o paladar, o tato, a audição, e o sexto sentido, que seria o pensamento.
O que significa o símbolo da farmácia e da moderna prescrição, o Rx?
Embora seja parecido com o termo Raios X, este símbolo não se
aplica ao mesmo (é você pesava que era, né?!).
Presente sempre no topo das prescrições,
antecedendo a formulação, este símbolo tem várias explicações quanto ao seu
significado. A explicação mais simples é que Rx é uma abreviação para a
palavra latina recipere ou recipe, que
significa “faça
uso de”.
Antes dos medicamentos industrializados,
os apotecários ou doutores a época, podiam prescrever e vender uma
formulação. Podiam misturar os diversos componentes para obter um
medicamento ou remédio.
Nos Estados Unidos, penas no início do
século XIX é que ocorreu a diferenciação entre os apotecários, originando e os
farmacêuticos e os médicos, tal qual os conhecemos.
Na Europa, por exemplo, esta distinção já
existia desde o século XIV, quando Frederico III separou oficialmente a
farmácia da medicina.
De acordo com a XIX Edição do Pharmaceutical
Handbook, Rx significa “fiat
mistura”, ou seja, preparar a mistura, manipular a mistura. Em
algumas prescrições o Rx inicial é substituído pelo F.S.A (Fiat Secumdum Artem),
ou faça-se
segundo a arte.
Inicialmente, o símbolo era representado
com um R,
cuja “perna” diagonal era cortada por um pequeno traço diagonal, formando um x.
Esta representação nos leva a uma outra:
o símbolo Rx não é, como geralmente se acredita, a abreviação de recipe, mas
sim uma outra coisa: uma invocação ao deus Júpiter. Segundo o livro “Devils, Drugs and Doctors, de
1931″, o símbolo Rx é uma invocação ao deus Júpiter, para que
auxilie na efetividade do tratamento. Em alguns manuscritos médicos antigos, o
“R” é atribuído ao deus Júpiter, e o “Rx” (ou seja, um “R” com a perna cortada)
é uma corruptela deste símbolo ancestral. Repare que o símbolo astrológico para
o planeta Júpiter assemelha-se a um R cortado.
Outra explicação possível é que o símbolo
seja derivado o Olho de Hórus, como falado anteriormente.
Já a palavra farmácia, criada na idade
média, deriva do grego pharmakeia, que
por sua vez deriva de pharmakón, que significa medicamento, veneno ou alimento.
Existem ainda comentários de que a verdadeira história da farmácia
começa na China (com o Pen-T-Sao ou
Livro das Ervas) com a compilação mais famosa do Papiro de Ebers, datado de 1500
AC (provavelmente uma compilação dos Livros de Thoth, datado de 3000 AC).
Nestes manuscritos egípcios, está
grafado o termo Ph-ar-maki (que
significa “o guardião da seguridade”), atribuído ao deus Thoth, patrono dos
médicos, e que recolocou, por meio de sua magia, o Olho de Hórus novamente no
lugar.
Portanto, a Farmácia na Europa foi derivada da
tradição grega, mas foi “contaminada” com influencias egípicias e asiáticas,
além do árabe. Assim, o Olho de Hórus pode ser a maior influência no símbolo da
prescrição farmacêutica atual, o Rx.